O novo título será voltado para brasileiros interessados no planejamento previdenciário e especialistas acreditam que terá viés educacional.
O Tesouro Nacional estuda um lançamento de um novo título com foco em auxiliar o planejamento previdenciário dos brasileiros.
A pesquisa está em fase preliminar, segundo Tesouro, mas uma das alternativas apontadas é a criação de um investimento indexado à inflação, com um período de acumação de 30 a 40 anos.
O projeto pode ter um período de amortização mensal de 20 a 30 anos e, para embasá-lo, o Tesouro está usando experiências internacionais e publicações sobre o tema para subsidiar estudos e debates, por meio da subsecretaria da Dívida Pública.
O desenho do novo produto é inspirado em pesquisas do nobel de economia, Robert Merton, de Arun Muralidhar, e do brasileiro Fabio Giambiagi.
“A proposta no estudo foi concebida como uma espécie de “combo” que apresenta por um lado o instrumento financeiro e por outro a ideia dos simuladores previdenciários. Estes simuladores seriam um poderoso instrumento de educação financeira porque permitiriam ao usuário mês a mês perceber o efeito do que ele teria como renda complementar após os 65 anos, notando a cada 30 dias o efeito de mais um passo no caminho da acumulação”, explica Fabio Giambiagi, pesquisador associado da FGV/Ibre.
O novo tipo de investimento ainda não tem data para ser lançado, mas especialistas reforçam que a novidade deve trazer a educação financeira para a população brasileira.
Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, explica que já existem investimentos com o mesmo viés desse projeto do Tesouro, como o IPCA+ sem juros semestral. “Contudo, quando se dá o nome de ‘aposentadoria’, traz um conceito comportamental para que os brasileiros comecem a enxergar um possível ganho no longo prazo”, afirma.
“E usar um nome já conhecido pelos brasileiros traz maior atratividade para as pessoas que não tem noção de investimento”, diz o especialista.
Tributação
Por outro lado, Bruno Martins, gestor de renda fixa da Warren, afirma que apesar da solução de previdência privada ter um desenho muito interessante, “os detalhes a respeito do regime de tributação (progressivo ou regressivo) atrelados ao tipo de plano (PGBL ou VGBL) inibem na margem o investidor”.
Para o especialista, mesmo com uma vantagem tributária muito interessante (em fundos de previdência a alíquota mínima de imposto de renda pode ir a 10,0% e em caso de sucessão o investimento não passa por inventário) , a falta de conhecimento sobre o tema faz com que grande parte dos brasileiros não se beneficie dela.
“Creio que o novo título não será uma solução para a aposentadoria, mas como uma excelente ponte de aprendizado para o pequeno investidor; gerando curiosidade, e, a partir daí, o levará adiante”, diz.
Outro modelo
Como segunda opção, Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, afirma que os brasileiros que já conhecem e têm familiaridade com investimentos de longo prazo, optam por títulos que oferecem juros semestrais ou direto, como os IPCA+. “E essa é uma das flexibilidades mais importantes dos títulos brasileiros”.
O tesouro ligado à inflação tem sua rentabilidade atrelada ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Ou seja, esses títulos oferecem rendimento igual à variação da inflação mais uma taxa prefixada de juros.
O IPCA encerrou 2021 a 10,06%. Em dezembro, a taxa foi de 0,73%, uma desaceleração em relação a registrada em novembro (0,95%).
Segundo o site do Tesouro Direto, os investimentos ligados à inflação são:
- TESOURO IPCA+ 2026, com rentabilidade do IPCA + 5,39%;
- TESOURO IPCA+ 2045, com rentabilidade do IPCA + 5,65%;
- TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2030, com rentabilidade do IPCA + 5,65%;
- TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2040,com rentabilidade do IPCA + 5,54%;
- TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2055, com rentabilidade do IPCA + 5,65%
‘No final das contas, cada vez mais o brasileiro precisa ter a cultura de investimento de longo prazo”, diz Franchini. “E o projeto do Tesouro terá esse foco educacional”.
Fonte: com informações da CNNInscreva-se no Telegram do Contábeis e não perca nenhuma notícia